República é um filme independente, realizado totalmente sem recursos públicos e que levou 5 anos para ser finalizado, as filmagens começaram em 2007 e a última mixagem só ocorreu em 2011 quando se conseguiu os direitos da últimas músicas que ainda faltavam. A primeira exibição oficial ocorreu no Festival de Cinema Universitário em Agosto de 2011 logo em seguida dá mixagem final. Em todos os lugares em que tem sido exibido vem conseguindo sempre uma  ótima recepção pelo público. Maiores informações sobre o projeto na entrevista abaixo.

ENTREVISTA COM OS DIRETORES

Jefferson Delbem: como surgiu a ideia de fazer o filme? E porque esse tema, repúblicas...

Nós queríamos discutir algumas ideias e as locações que tínhamos disponíveis eram nossas próprias casas. Logo, concluímos que repúblicas de estudantes eram o ambiente propício para desenvolvermos as questões que pretendíamos, além de se encaixarem perfeitamente com as locações que tínhamos. Decidido o tema e o ambiente em que se desenvolveria a história, o passo seguinte foi pesquisar várias histórias de repúblicas reais, as quais juntamos com a nossa própria experiência a fim de criar duas repúblicas que se mostrassem muito verdadeiras para todos os que conhecem esse universo. Repúblicas de estudantes podem ser palco dos mais inusitados conflitos e praticamente todas diferenças, intrigas e disputas que envolvem seres humanos podem ocorrer nesse microcosmo, era perfeito para o que pretendíamos discutir...

Essa pergunta eu iria fazer mais tarde, mas como vocês disseram em experiência de vida, eu gostaria de saber se teve alguma cena em que vocês se sentiram na pele do personagem? E também qual foi a cena que mais gostaram?

Na maioria, senão em todas, se tem algo que parece que conseguimos com o filme foi criar uma atmosfera naturalista, escutamos de muitas pessoas para as quais exibimos o filme diversos comentários do tipo: "caramba, vocês se inspiraram na minha república", ou "eu já vivi isso"

Quem escreveu o roteiro?

O Marcius teve a ideia, estruturou alguma coisa, começou a escrever o roteiro e me chamou para desenvolvermos juntos. Acabou que fiquei mais responsável pela república das meninas e ele, pela masculina. Mas essa divisão não era forte, trocávamos muito. Eu escrevia um pouco da masculina; ele, da feminina. A Nathália, que fez a direção de arte, também contribuiu bastante com o roteiro, assim como o Morales, sem falar em outras pessoas que também sugeriram coisas e criticaram outras.

E sobre as exibições? Quando e como nós, belo horizontinos, vamos poder assistir ao filme?

Já estamos fazendo uma boa divulgação e estamos tendo uma ótima recepção. Como o filme é um projeto independente, estamos desenvolvendo uma estratégia própria para a distribuição e exibição. Não sei quando chegaremos a Belo Horizonte, mas gostaríamos que fosse logo, assim como em outras capitais. Porém, no momento, só temos contatos em São Paulo... Mas acreditamos muito no filme e achamos que portas se abrirão

confesso que fiquei muito a fim de assistir ao filme depois que vi o trailer e li a sinopse. Falando em produções independentes, o que vocês acham do crescimento da produção dos filmes nacionais de uma década pra cá? É em função do aumento no incentivo financeiro ou maior interesse na formação de novos profissionais do cinema? Ou ambos?

O desenvolvimento da tecnologia digital tem mais e mais viabilizado produções com boa qualidade técnica a baixo custo, essa é a realidade do “República”, gastamos por volta de R$8000,00, custo baixíssimo para um média-metragem. Claro que isso só foi possível com a colaboração dos atores e de grande parte da equipe que acreditou no projeto. Nosso filme não contou com incentivos governamentais, mas não há dúvida que eles têm ajudado no crescimento da produção audiovisual brasileira, possibilitando uma alternativa à produção estrangeira, sobretudo estadunidense, desenvolvendo assim um mercado de trabalho interno e valorizando a cultura e a arte nacional. Porém, alguns aspectos dessa política de incentivos podem ser aperfeiçoados... talvez seja necessário uma maior profissionalização dos agentes envolvidos na concessão dos recursos. Muito projetos são implementados ainda sem um roteiro maduro, tentando-se, muitas vezes, compensar as fraquezas da dramaturgia com cenários fabulosos, fotografia exuberante e recursos técnicos avançados, o que além de implicar orçamentos vultosos, tendem a resultar em filmes desinteressantes para o público que, na sua imensa maioria, espera acima de tudo uma boa história, bem contada. Em geral os agentes envolvidos na aprovação de projetos não são cobrados dos resultados, possibilitando que muitas vezes decidam a partir de questões pessoais, quer seja estéticas, temáticas ou, no pior dos casos, por laços de amizade, uma tendência infeliz ainda muito presente na cultura brasileira. Cinema inevitavelmente é uma indústria, envolve muito dinheiro, normalmente milhões de reais, equipes enormes e uma estrutura de distribuição que só se realiza se há um público interessado. Um filme realizado com recursos públicos deve atender aos anseios e às necessidades da sociedade, não dos seus realizadores, o que não impede que se produza filmes complexos, densos e minimalistas, há público para esses filmes desde que bem realizados. Deve haver espaço para filmes destinados tanto para segmentos específicos, como para grandes plateias, mas tudo deve ser previsto no projeto: público alvo, interesse social, valor cultural, etc., e uma vez que o filme não cumpra as expectativas previstas no seu projeto todos os envolvidos na sua realização, inclusive aqueles que aprovaram a liberação dos recursos, devem ser cobrados. Deve-se evitar a concessão de grandes recursos a fim de se estimular a busca de soluções criativas capazes de baixar os custos de produção sem comprometer a qualidade. Pode haver financiamento público para grandes projetos, mas esses devem ser cobrados ainda mais pelos seus resultados, filmes de grandes bilheterias ajudam na criação de uma indústria nacional, mas, uma vez que foram produzidos com recursos públicos, parece justo que parte dos seus lucros retorne ao erário a fim de possibilitar novas produções. No caso particular do “República”, acreditamos que talvez seu maior mérito seja mostrar que uma boa história somada a algumas soluções técnicas relativamente simples são suficientes para conseguir um resultado satisfatório.

(entrevista concedida ao Jornal Cola Oficial de Belo Horizonte, adaptado)

SINOPSE

A vida em uma república de estudantes é completamente agitada quando um dos seus membros é tomado por uma extravagante decisão: limpar a casa. Enquanto Bauru descobre que arrumar o Sítio da vovó é uma missão muito mais difícil do que imaginava, perto dali as rivalidades transformam a aparente ordem na República da Rebeca.

Ficha Técnica

título: República
gênero: comédia /drama

direção: Marcius Lepick e Cristiane Bastos
fotografia: Kico Santos
Arte: Nathália Calê

Produção: Nathália Calê, Marcius Lepick,
Cristiane Bastos, André Renato,
Fábio Morales, Julian Lepick

Roteiro: Cristiane Bastos e Marcius Lepick
Co-roteiristas: Fábio Morales e Nathália Calê

trilha musical: Julian Lepick e Fernando “TRZ” Falcoski

Montagem: Marcius Lepick, JH Crema,
Bruno Bocha

Animação: Eric Honda
Efeitos especiais Bruno Nicko
Colorista Gustavo Fattori e Bruno Nicko

formato: digital/ DV
duração: 55min



"Brincadeira" - fonograma licenciado pela EMI Music Brasil Ltda: gravado por Raulzito e os Panteras, autor: mariano Lanat

"BH-MG" - fonograma licenciado por The Dead Rocks, autores: Johnny Crash, Caleb Luporini e Marky Wildstone